Pies, ¿para qué los quiero si tengo alas para volar?

Rafaela Rita de Oliveira
2 min readMar 27, 2023

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Exposição em sp

“A coluna vertebral quebrada em três pontos da região lombar, a clavícula fraturada, as costelas quebradas, as onze fraturas na perna direita, o pé esquerdo esmagado, o ombro direito deslocado, a pelve esmagada, o corrimão que a perfurou pelo lado esquerdo e saiu por sua vagina.”

Ler esse parágrafo me proporcionou uma dor que nem em milésimos de anos será equiparada à dela que viveu esse parágrafo. O que faz com que uma mulher quebrada em um milhão de pedacinhos aos 18 anos continue viva, e vivendo intensamente?

Ela não parou de viver intensamente em nenhum segundo de sua vida. Ela inventou um estilo próprio que definiu seu nome e sua existência. Transformava sua dor em saias coloridas e flores na cabeça, e em cores em telas e autorretratos. Frida Kahlo é o significado de resiliência. Mais que pintora, destacou-se por sua vida e vitalidade.

Todo seu sofrimento foi desviado em amor e em vontade de amar. Quanto mais sofria, mais ela queria amar. De todos seus bichos de estimação e abortos espontâneos até seu esposo escroto e a luta comunista, ela amava com todo seu espírito.

Nunca se limitava. Era uma comunista nas festas de Ford e Rockefeller, era uma mulher presa na cama e uma artista que fazia exposições internacionais.

As simbologias da obra de Frida fazem todo sentido. Pintava a si mesma, porque era “o assunto que melhor conhecia”; Pintava a si mesma repleta de pregos, flechas, facas e sangue. Pintava beija-flores e pintava o amor de sua vida. O coração rodeado por espinhos representava que ainda havia um coração.

O altar

Nos dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro é celebrado o Día de Los Muertos no México. Seja por meio de filmes ou mídias em geral, conhecemos o feriado e sua simbologia. Cada um dos 7 andares do altar representa os passos necessários para se chegar ao céu. Nesse altar, ainda são postas as oferendas tradicionais: Fotos, velas, frutas, água, flores (principalmente a calêndula). Tudo isso para homenagear a pessoa querida com um espírito festivo.

Ninguém entenderia melhor esses símbolos do que a Frida e os mexicanos. A caveira, figura também recorrente nas obras da artista, versam sobre uma vida que viu a morte várias vezes, e sobreviveu à ela. E começou de novo e de novo. E será homenageada por séculos e séculos. Viva la vida! (Como ela mesma dizia).

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